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Por que é tão difícil tomar decisões baseadas em dados?

O ano é 2022 e os dados estão por toda parte: nas redes sociais, no cadastro das lojas e até mesmo em seu relógio (que rastreia quantas horas de sono você teve na noite passada). Se os dados são tão presentes em nossas vidas, por que muitas empresas ainda não os utilizam para embasar suas decisões?


Lembro da época do vestibular, quando nos dividíamos entre os grupos "de humanas" ou "de exatas". Essa decisão parecia validar que, a partir daquele momento, o primeiro grupo estava livre para nunca mais ter que lidar com números. Doce ilusão: entrando no mercado de trabalho, descobrimos que não é bem assim. Um psicólogo precisa ter controle financeiro, um analista de RH precisa reportar os resultados da área para seu gestor, um artista plástico precisa saber o valor mínimo do seu produto para ter lucro, e por aí vai.


Talvez você já tenha dito ou escutado alguém dizer "não sei nada de excel", "sou de humanas!" como argumento para fugir das análises cotidianas (é raro, mas acontece muito!). Pesquisando um pouquinho sobre o assunto, encontrei um estudo do Cappra Institute For Data Science, que fala sobre os vieses comportamentais que dificultam a tomada de decisão baseada em dados. Destaco três deles a seguir:

  1. Efeito ancoragem: sabe aquele produto que você não compraria por R$ 300, mas quando vê o anúncio "de R$ 400 por R$ 300" fica tentado a comprar? O que muda é sua referência.

  2. Efeito Dunnin-Kruger: o curioso caso do iniciante que tem mais confiança do que o expert. É que, quanto mais sabemos de um assunto, evoluímos também a consciência das nossas limitações.

  3. Viés de confirmação: quando analisamos uma situação e temos de um lado os fatos e do outro nossas crenças. Intuitivamente, vamos buscar os fatos que confirmam nossas crenças, mas não podemos ignorar os outros dois universos em suas totalidades.

No mundo hiperconectado em que vivemos, o autoconhecimento nos ajuda a lidar com estes (e outros) vieses comportamentais, que nos afastam de uma gestão data-driven. Reconhecer a importância da gestão orientada a dados reduz decisões tendenciosas e cria um sistema de correção de desvios. Além disso, dá credibilidade para as entregas e segurança para elaborar planos de ação.


Vale lembrar que a responsabilidade sobre os dados da empresa não é só do time de dados, mas de todos nós. Ah, e para você que é "de humanas" e pensa que o mundo dos dados não é pra você: eu também pensava assim. Quem sabe as crenças limitantes não sejam assunto para um próximo post?


Por Luisa Martins, Analista de Dados e consultora do Instituto Brasileiro de Tomada de Decisão.




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